24 de novembro de 2010

AÇÃO PELA VIDA


O luto em luta

Vítimas do trânsito foram homenageadas na Beira-Mar Norte, na CapitalChritiani Yared foi uma das cerca de 400 pessoas presentes ao evento que marcou o Dia Mundial em Memória das Vítimas do Trânsito, ontem, na Avenida Beira-mar Norte, em Florianópolis. Chistiani é mãe de Gilmar Yared, um dos jovens mortos em um acidente ocorrido em maio do ano passado em Curitiba.

No carro estavam Gilmar, 26 anos, e o amigo Carlos Murilo de Almeida, 20. Na tragédia se envolveu o deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (PSB), que estava com a carteira de habilitação cassada embora dirigisse seu automóvel de luxo.

– Estamos preocupados, pois nesta semana ele vai receber a carteira volta – explicou Christiani, que criou o Instituto Paz no Trânsito.

A militância de Christiani não surgiu logo após a morte do filho.

– Foi ao ver tantas mães que também tiveram seus filhos mortos no trânsito pedindo ajuda que me decidi.

O Instituto Paz no Trânsito tem como linha o tripé educação, fiscalização e atendimento às famílias. Para ela, saber educar as crianças é garantia de mais respeito ao outro e as normas da sociedade. Christiani entende também que a falta de fiscalização é um problema sério e vê na devolução da carteira do motorista envolvido na morte do seu filho como um “tudo pode”:

– São situações assim que deixam as pessoas com a sensação da impunidade. Estamos trabalhando junto às famílias também o aspecto de que não se pode deixar de lutar. Nesta semana vamos organizar uma manifestação em Curitiba para que se possível a decisão seja revista pelas autoridades.

Christiani procura aliviar a dor das famílias com a própria experência:

– Digo sempre que a gente não enterra um filho. A gente planta uma semente. Hoje estamos aqui para lembrar dos mortos. Um dia estaremos erguendo um memorial para celebrar a vida que salvamos – explica.

Quem também participou da manifestação foi Fernando Diniz. Fernando é pai de Fabrício Diniz, vítima de um acidente em março de 2003 na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Além dele morreram mais duas jovens. O motorista Marcelo Henrique Negrão Kijak foi indiciado por triplo homicídio culposo. O laudo da perícia técnica constatou excesso de velocidade, condução em zigue e zague com derrapagem e consequente perda de direção, em um local em que a velocidade máxima permitida é de 60 km/h. Kijac teve a prisão decretada. Mas fugiu. Ele é procurado pela Interpol, mas seu paradeiro ainda é desconhecido.

– Não existe dor maior do que enterrar um filho. Eu decidi transformar o luto em luta. Viajo por onde posso ajudar a conscientizar as pessoas, por isso estou aqui junto com minha filha.

angela.bastos@diario.com.br

ÂNGELA BASTOS

Fonte:
http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3116919.xml&template=3898.dwt&edition=15945§ion=213 - acesso em 23/11/2010

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